CRM constata risco de contaminação na UTI do Hospital de Trauma em João Pessoa

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) fiscalizou o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, nesta quarta-feira (17), e constatou falhas na aspiração traqueal dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O CRM-PB também fiscalizou o Complexo de Doenças Infecto Contagiosas Clementino Fraga, que não apresentou escalas médicas, nem indicadores hospitalares, como taxa de ocupação, óbitos e profissionais afastados.

A direção do Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena informou que, mesmo não sendo perfil para pacientes com Covid-19, reservou uma UTI com nove leitos para os pacientes suspeitos ou confirmados da doença. A direção ressaltou que a falta do sistema de aspiração fechado está sendo resolvida em caráter emergencial.

O diretor geral do Complexo de Doenças Infecto Contagiosas Clementino Fraga, Fernando Chagas, informou todos os dados solicitados na fiscalização estão no Boletim Epidemiológico do CRM, que é atualizado semanalmente pela direção do hospital.

Conforme a fiscalização, foi identificado que o Hospital de Trauma não realiza a aspiração com sistema fechado, onde um mesmo cateter, mantido protegido, não desconecta o paciente do ventilador, o que aumenta o risco de contaminação dos profissionais de saúde e dos demais pacientes que estiverem próximos.

A visita foi a pedido do Ministério Público da Paraíba (MPPB). O CRM-PB foi averiguar falhas na aspiração traqueal dos pacientes internados na UTI, que foram comprovadas. Segundo o CRM-PB, este procedimento é frequente e essencial em pacientes que estão em ventilação mecânica.

O diretor de fiscalização do CRM-PB, João Alberto Pessoa, também destacou que o Hospital de Trauma não é referência para pacientes com a Covid-19, mas recebe pacientes suspeitos da doença, inclusive, faz testes rápidos para detectar o novo coronavírus. “Não há isolamento adequado para estes pacientes suspeitos e alguns já confirmados. Por isso, essa aspiração não pode ser feita de forma aberta”, afirmou o diretor de fiscalização.

O MPPB também solicitou ao CRM-PB que verificasse a quantidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de medicamentos. De acordo com a equipe de Fiscalização, o estoque de EPIs é suficiente, mas alguns medicamentos estão em falta, como alguns sedativos. No entanto, há estoque de outras drogas sedativas que estão sendo usadas sem prejuízo aos pacientes.

O CRM-PB irá encaminhar o relatório de fiscalização ao Ministério Público da Paraíba, assim como para a direção técnica do hospital e Secretaria Estadual de Saúde.

A equipe do Conselho esteve também no Hospital Clementino Fraga, no dia 8 de junho. Segundo a fiscalização, a direção técnica do hospital não apresentou as escalas médicas dos plantonistas, diaristas e demais médicos que prestam assistência nas UTIs de pacientes com Covid-19, nem os indicadores hospitalares, como número de leitos, taxa de ocupação, óbitos, entre outros.

Entretanto, conforme o relatório de fiscalização, o hospital possui disponibilidade, razoável e ampla, de equipamentos, materiais, medicamentos específicos e EPIS para assistência aos pacientes com Covid-19.

Jornal da Paraíba


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