A Paraíba registrou uma queda de mais de 450 mil procedimentos ambulatoriais e mais de 87 mil cirurgias eletivas, comparando-se os números de 2020 com os de 2019. Os dados fazem parte de um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgados nesta segunda-feira (13), a partir do volume de atendimentos médicos registrados no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA-SUS).
Segundo o conselho, a redução pode ser efeito do medo dos pacientes em procurar ajuda médica, o contingenciamento de leitos para o tratamento da Covid-19 e as restrições de acesso aos hospitais em função da pandemia.
O estudo mostra que, entre 2019 e 2020, houve uma queda de 32% na quantidade de procedimentos médicos ambulatoriais na Paraíba, reduzindo de 1,4 milhão para 950 mil. Em todo o país, a redução foi de 28%. Analisando-se as cirurgias eletivas (marcadas previamente) hospitalares ou ambulatoriais, a diminuição no mesmo período foi de 47%, no estado, passando de 164 mil para 87 mil. Já no país, esta redução foi de 31%.
Em todo o Brasil, foi apurado pelo levantamento do CFM que houve uma redução de pelo menos 16 milhões de exames com finalidade diagnóstica, 8 milhões de procedimentos clínicos, 1,2 milhão de pequenas cirurgias e 210 mil transplantes de órgãos, tecidos e células. No primeiro semestre de 2021, quando houve o pico da pandemia no país, os dados mostram que houve uma redução de 26% no número de cirurgias eletivas, comparado com o mesmo período de 2019.
“Algumas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, por exemplo, não podem ter seus tratamentos interrompidos. Além disso, o diagnóstico precoce de diversas enfermidades aumenta as chances de cura e diminui os riscos. Para preservar leitos e evitar o colapso do SUS houve a suspensão dos procedimentos eletivos no período mais severo da pandemia. Agora, com as taxas de ocupação dos hospitais em declínio, é importante os serviços de saúde estarem preparados para uma retomada segura dos atendimentos e procedimentos”, avalia o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba (CRM-PB), João Modesto Filho.
Número baixo no primeiro semestre
O levantamento do CFM mostra também que a quantidade de procedimentos ambulatoriais e cirurgias eletivas em 2021 ainda está em ritmo lento. No primeiro semestre deste ano (janeiro a junho), foram realizadas 40.910 cirurgias eletivas pelo SUS, na Paraíba. No segundo semestre, este número deveria ser pelo menos três vezes maior para se aproximar à quantidade de mais de 160 mil cirurgias realizadas em 2019.
Já número de procedimentos médicos ambulatoriais, na Paraíba, no primeiro semestre de 2021 foi de 655.489. Se este número se mantiver no segundo semestre, ao final do ano, a quantidade de procedimentos de 2021 vai se aproximar dos 1,4 milhão de procedimentos ambulatoriais de 2019.
Serviços médicos mais afetados pela pandemia
No país, os procedimentos realizados por oftalmologistas, sobretudo consultas e exames de mapeamento de retina e aferição da pressão intraocular (tonometria), caíram de 18,5 milhões em 2019 para 12,2 milhões em 2020. Um déficit de pelo menos 6,3 milhões (-34%) entre os períodos analisados.
No ranking das áreas médicas mais acometidas, além da oftalmologia, estão a radiologia, a clínica médica, a radioterapia, a anatomopatologia, cardiologia, medicina laboral, citopatologia, neurologia e ginecologia e obstetrícia.
Número de procedimentos médicos ambulatoriais
Paraíba
2019 = 1.400.898
2020 = 950.741
Redução de 450.157 = -32%
Brasil = -28%
2021 (janeiro a junho) = 655.489
Número de Cirurgias eletivas hospitalares ou ambulatoriais
Paraíba
2019 = 164.524
2020 = 87.226
Redução de 77.298 = – 47%
Brasil = -31%
2021 (janeiro a junho) = 40.910