Presidente da força tarefa cita desafios em todas as áreas da transição no Cruzeiro: “Bater o corner e cabecear”

Após a renúncia da antiga diretoria, capitaneada por Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro, através de uma reunião do Conselho de Notáveis, definiu um núcleo dirigente para comandar o clube até que uma nova direção assuma o comando (o que deve acontecer no meio do próximo ano). O presidente da “força tarefa” é o empresário Saulo Fróes, que conversou com a reportagem da Globo nessa terça-feira. Entre alguns assuntos importantes, ele exemplificou a dificuldade do trabalho que a diretoria interina terá nos próximos meses.

“Nossos desafios são muito grandes. Estamos enfrentando diversas dificuldades. (…) Pra falar a verdade, não sabemos (por onde começar), porque temos que atuar em todas as áreas. É quase bater um corner e cabecear” – Saulo Fróes.

Caberá a Saulo – e a todo o núcleo – uma série de decisões, entre elas a formatação de um “condomínio de credores”, ou seja, uma renegociação com aqueles que têm dinheiro a receber do Cruzeiro.

– É uma coisa que aparentemente parece até impossível, mas eu acredito que a gente vai conseguir, sim. Todo comerciante tem que saber o seguinte: é preferível receber pouco, mas receber, do que não receber nada. Ou receber tudo gradativamente, com o tempo.

Cruzeiro tem jogadores caros, como Thiago Neves e Fred, sem definição de futuro — Foto: Twitter/Mineirão
Cruzeiro tem jogadores caros, como Thiago Neves e Fred, sem definição de futuro — Foto: Twitter/Mineirão

Além de clubes e empresários, o Cruzeiro também deve os atletas do atual elenco. E pode até incluir os jogadores neste condomínio de credores, já que pretende conversar com cada um para resolver a situação daqueles que recebem valores fora da realidade do clube e reduzir a folha salarial.

– É uma situação realmente delicada. Nós ainda não encontramos a fórmula, não. Mas nós vamos ser transparentes, e a ideia que eu sugeri hoje ao Conselho é que no dia que os jogadores voltarem, nós vamos mostrar a realidade pra eles. E apresentar esse plano de recuperação. Quem sabe eles também entram nesse condomínio de credores que nós vamos fazer…

Outras respostas de Saulo Fróes

Corte de gastos administrativos

– Nós não vamos esconder nada. Vamos cortar tudo. Temos planos aqui já de eliminação (de gastos). Carro de presidência não vai ter. Não tem segurança pra presidente. Porque é o seguinte: a partir do momento que eu me sentir inseguro de estar fazendo uma coisa certa, eu prefiro não estar aqui. Então temos que eliminar todo custo que for possível. É impossível o Cruzeiro continuar (como está). Infelizmente tivemos aqui atitudes realmente irresponsáveis, totalmente descabidas. Parece que estavam fazendo uma casa da Maria Joana. Faz o que quer, azar de quem vem atrás e vai pagar a conta.

Novos passos, nova diretoria e confiança no retorno à Série A

– Nosso plano é ficar até maio, depois disso vamos eleger uma diretoria, e essa diretoria eu tenho certeza que vai comandar o Cruzeiro e continuar dentro do que for planejado. Continuar pra que a gente possa subir no ano que vem. Se Deus quiser nós vamos subir. Isso aí eu não tenho dúvida nenhuma. O que precisamos é passar essa credibilidade, e a torcida ter paciência. A gente tem que sacrificar agora um pouquinho e cortar mesmo, na carne.

Cruzeiro passa por uma intensa remodelação administrativa para voltar a "respirar" financeiramente — Foto: Gabriel Duarte
Cruzeiro passa por uma intensa remodelação administrativa para voltar a “respirar” financeiramente — Foto: Gabriel Duarte

Resposta a funcionários com salários atrasados

– Podem ficar tranquilos, porque mudou. Desde que fomos nomeados e assumimos, hoje o Cruzeiro é outro. Não posso falar em prazo (para normalização), não temos os números detalhados ainda. Posso dizer aos funcionários que minha vida sempre foi pautada por humildade e simplicidade. Todos os integrantes dessa comissão (diretoria interina) têm o mesmo perfil. Os funcionários serão respeitados como merecem, até porque são patrimônio do clube.

Departamentos inchados e “cabides de emprego”

– Acabou mesmo. Não vou falar o departamento, mas um deles tem cinco analistas. Analista A, analista B, analista C, analista D, analista E. Não existe um negócio desse. Depois tem um gerente, outro gerente. Prefiro não falar o setor. É um absurdo. Isso está custando 75 mil (mensais). Qualquer pessoa de bom senso que chegar lá vai cortar pela metade. Esse é um dos absurdos que me chamou atenção.

Com GE


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