Não é só o que você diz que importa, mas como você diz. Ou seja, a maneira como uma mensagem é estruturada, apresentada e entregue influencia diretamente o que ela comunica. A forma não é algo separado ou secundário ao conteúdo, ela molda o significado, o impacto e a credibilidade da mensagem.
Compare estas duas formas de dizer a mesma coisa:
- “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.”
- “O Brasil não vai aceitar ser mandado por gringo nenhum!”
Ambas falam de soberania, mas a forma da primeira é institucional e diplomática, enquanto a segunda é agressiva e informal. A forma altera a percepção do conteúdo, mesmo com essência semelhante.
Quando Lula diz na nota oficial: “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, ele usa da formalidade, com tom solene e fortalece o conteúdo institucional. Se dissesse: “O Brasil não vai aceitar ser mandado por gringo nenhum!”, estaria usando uma forma popular, coloquial, e mudaria completamente o peso político da mensagem.
Usar frases curtas, termos técnicos e estruturas claras mostra autoridade e equilíbrio. A forma limpa e objetiva passa a mensagem de que há seriedade; algo essencial, por exemplo, numa nota de Estado.
Por que isso é importante na política? Porque na política, cada palavra carrega implicações simbólicas, legais, diplomáticas e eleitorais. Um erro na forma pode:
- Passar insegurança ou descontrole;
- Rebaixar o nível do debate;
- Criar ruídos com aliados ou parceiros internacionais;
- Ou até perder apoio de segmentos da sociedade.
A forma certa pode elevar um conteúdo simples a uma mensagem de autoridade e liderança. A forma errada pode destruir uma ideia boa.
Em resumo; “forma é conteúdo” significa que comunicar não é apenas transmitir informação, é construir percepção. O modo como você fala, escreve, se apresenta ou estrutura suas ideias é parte inseparável da mensagem.
A linguagem usada na nota de Lula é formal, equilibrada, sem adjetivações desnecessárias. Não se trata de uma briga de redes sociais. É uma manifestação de Estado, assinada pelo chefe do Executivo brasileiro.
Eu trato dessa comunicação assertiva nas quatro dimensões da persuasão política, onde falo sobre “diplomacia verbal”.
