Há 50 anos, Zagallo estreava como técnico da seleção brasileira

Zagallo é o técnico que mais comandou a seleção brasileira. Em 139 partidas (somando jogos oficiais e amistosos), ele escalou os jogadores que iriam vestir a camisa do Brasil – difícil achar algum profissional que enalteceu o uniforme do time brasileiro mais do que ele.

Sua estreia na seleção aconteceu em 1967 – vitória contra o Chile (1 a 0) – e ainda fez mais um jogo em 1968 – contra a Argentina (4 a 1). Nas duas ocasiões, a seleção atuou com jogadores apenas de times do Rio de Janeiro.

Mas seu primeiro jogo no time que chegaria ao tri, aconteceu em um momento de turbulência, logo após da demissão de João Saldanha e faltando 73 dias para a estreia brasileira no Mundial do México.Sua contratação foi feita no dia 18, um dia após a demissão de Saldanha, – Dino Sani e Oto Glória também foram cotados para o cargo -, mas o treinador contou com apoio de dois membros influentes da comissão técnica: Admildo Chirol (preparador físico) e Lídio Toledo (médico), que trabalhavam com ele também no Botafogo. No dia seguinte, com 38 anos, já fazia o seu primeiro coletivo no Maracanã.

Ao assumir o cargo, o treinador fez cinco novas convocações: Félix (goleiro), Leônidas (zagueiro), Roberto Miranda, Dario e Arílson (atacantes) – o que trouxe insegurança aos jogadores convocados por Saldanha, pois seriam necessários cortes.

Trazendo dois centroavantes (Roberto e Dario), Zagallo “consertava” o que ele dizia faltar no time de Saldanha: um homem fixo na área, ou, como ele gostava de dizer um Vavá, em uma referência ao centroavante do Brasil nas campanhas do bicampeonato da Copa do Mundo (1958/62) e que era companheiro de time de Zagallo nessas conquistas. E, que, de certa forma, a dupla Tostão e Pelé não atuaria junto (ainda bem que o técnico mudou de opinião até a estreia do Mundial)

Depois de pouco de tempo de trabalho, Zagallo escalou o time para sua primeira partida com: Leão; Carlos Alberto, Brito, Joel Camargo e Marco Antônio; Clodoaldo, Gérson e Paulo Cézar Lima; Jairzinho, Roberto Miranda e Pelé.

Aqui há já há mudanças claras, principalmente no esquema, que passa a ser o 4-3-3, com Paulo Cézar Lima atuando no meio, quando o time não tinha a bola, trabalho bem parecido com o próprio Zagallo fez em boa parte de sua carreira. Carlos Alberto voltava a ser capitão da equipe, nos primeiros jogos de preparação, o posto ficara com Piazza, que com Zagallo, nesse início de trabalho perdeu o lugar para Clodoaldo.

Com Zagallo no comando, o Brasil voltou a ter como base as equipes de Santos e Botafogo. Nesse primeiro time dele havia entre os titulares quatro jogadores do Santos (Carlos Alberto, Joel Camargo, Clodoaldo e Pelé) e três do Botafogo (Paulo Cézar Lima, Jairzinho, Roberto Miranda) – que poderiam ser quatro, pois Gérson tinha acabado de se transferir do time carioca para o São Paulo.

Também, o novo treinador deixava de lado os jogadores (Fontana, Zé Carlos e Dirceu Lopes – Tostão ainda estava se recuperando de contusão) do Cruzeiro que Saldanha vinha utilizando.

Diante de 101.902 pagantes, a “nova seleção” não teve problemas para bater Chile por 5 a 0 – portanto a frase “Está em crise,chama o Chile” já faz um tempinho que pode ser utilizada -, sendo que quatro tentos saíram no primeiro tempo. Roberto Miranda, dando razão ao treinador, fez dois, Pelé também marcou duas vezes e Gérson anotou o outro.

Facilitou a goleada do time brasileiro, o fato do desfalcado time chileno – quatro dias depois, no Maracanã, com um time modificado, os chilenos perderam apenas por 2 a 1- e também expulsão de um jogador adversário logo aos três minutos de partida, que reclamou muito após a marcação do primeiro gol brasileiro, marcado por Roberto Miranda. Confira cenas da partida abaixo.

Mesmo assim, o Brasil mostrou um time mais organizado, do que aquele que vinha atuando com Saldanha. Quando perdia a bola, o time recuava e ficava mais compacto. Para não ficar tão vulnerável na defesa, Zagallo pediu para que os laterais não fossem tanto ao ataque e ao mesmo tempo, principalmente na etapa inicial.

Na “estreia” de Zagallo, houve umacampanha para que a torcida aplaudisse e apoiasse Pelé, depois dos problemas que ele teria tido com Saldanha e também inúmeras vaias para Paulo Cézar Lima (o que se tornaria comum nas oportunidades que ele atuou na capital paulista), pois para sua entrada no time foi retirado o ponta Edu, ídolo do Santos.

O time que jogou contra o Chile foi muito diferente daquele que conquistou o tri. Aqui, vamos contando a forma como aquele que é apontado o melhor time da história das Copas foi sendo formado.

Com Globoesporte.com


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