Fifa não dá brecha em meio à crise, e Cruzeiro tem R$ 26 milhões a pagar até maio

A Fifa, por meio de um informativo no começo de abril, informou que “nenhuma exceção” será concedida sobre as decisões do Câmara de Resolução de Disputas, da Players Status Comittee ou do Comitê Disciplinar. Assim, não haverá brecha para adiamento dos pagamentos. Com isso, o Cruzeiro está correndo atrás destes recursos para efetuar os pagamentos.

– Conversei com o doutor Kris (Brettas, superintendente jurídico do Cruzeiro), e ele estava justamente em uma ligação com o time da Arábia (Al-Wahda), que é um dos que o Cruzeiro deve. Para o mês de maio, nós temos que pagar R$ 26 milhões. Nós estamos correndo atrás, porque o clube não tem dinheiro. Nós temos que dar um jeito. Ou prorrogar, ou parcelar, fazer alguma jogada, dar algum jogador em garantia, que é normal, em futura venda, arrumar um empréstimo, mas esbarramos no problema de o Cruzeiro, vamos dizer assim, ter o nome sujo. Há uma dificuldade neste sentido – disse o presidente do conselho gestor cruzeirense, Saulo Fróes, em contato com o GloboEsporte.com.

O Cruzeiro já recebeu, pelo menos, duas ordens de pagamento: uma referente ao volante Denilson, que veio emprestado do Al-Wahda (R$ 4,5 milhões), e outra referente ao atacante Willian, em um caso movido pelo Zorya, da Ucrânia, que gira em torno, juntando tudo, de R$ 7,5 milhões. Esses clubes não aceitaram entrar entrar no condomínio de credores.

Apenas Independiente Del Valle (busca receber valor da venda do zagueiro Caicedo) e o Defensor (busca valor da venda do meia Arrascaeta) aceitaram negociar. Há outras discussões que possuíam expectativa de vencimento neste primeiro semestre: Riascos (Morelia), Rafael Sobis (Tigres-MEX) e Ábila (Instituto – mecanismo de solidariedade).

Um caso que já veio à tona de um clube que pediu adiamento, mas não teve a requisição aceita, foi o Sport, no caso envolvendo a dívida que o clube tem com o Sporting, de Portugal, pela compra do atacante André. A Fifa, em seu comunicado, informou que o seu artigo 15 fala da proibição de contratação (seja no profissional ou na base) em caso de descumprimento da determinação do pagamento.

A pandemia só agravou a situação do Cruzeiro em processos na Fifa. Com a valorização do dólar e do euro, a dívida do Cruzeiro em ações que foram parar na entidade saltou para R$ 81 milhões, aproximadamente.

– É uma dívida que nos preocupa muito, porque ela estava em R$ 53 milhões, que é a dívida principal da ação. Aí vem juros, correção, honorários advocatícios… E principalmente (a valorização das moedas estrangeiras), o que mais pesou, e até nisso o Cruzeiro deu azar. Tudo que poderia acontecer de ruim, aconteceu. Já não basta esse tanto de coisa que aconteceu, ainda teve essa variação enorme da moeda estrangeira, porque não é só dólar, tem libra esterlina, euro, etc. Esse total chega a R$ 80 milhões aproximadamente. Agora temos que pagar. E, não pagando, vão ter as sanções graves que vocês conhecem – disse Saulo Fróes.

Esperança nas renegociações

Para Saulo Fróes, com a paralisação do futebol e a queda nas receitas, o Cruzeiro pode ter mais facilidade nas negociações para conseguir melhores condições de pagamento das dívidas.

– Por um lado isso nos favoreceu, porque essa pandemia pode nos favorecer a negociar. Para os clubes (credores), não adianta o Cruzeiro cair para a Série C, ou perder pontos, porque não vai receber. Quando você tem um crédito, você quer receber. Então, estamos negociando, e a gente está com muita esperança. Nosso objetivo é, quando sairmos, entregar o clube com o problema na Fifa resolvido – disse o presidente do conselho gestor do Cruzeiro.

Com Globoesporte.com


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