Há uma regra da Fifa que obriga, em toda transferência onerosa internacional, que os clubes que participaram da formação do jogador envolvido recebam, em uma regra proporcional, um total de 5% do montante da transação. Essa lei atingiu o Atlético-MG em protesto movido pelo Caracas-VEN na Fifa, a ser sanado com um pagamento programado de 58 mil euros (R$ 329,4 mil) em relação à contratação de Rómulo Otero, em 2017.
Em contato com o GloboEsporte.com, o presidente Sérgio Sette Câmara confirmou a natureza da cobrança da equipe venezuelana. Em abril de 2017, quase um ano antes do mandatário ser eleito, o Galo comprou Otero por 800 mil euros junto ao Huachipato, após oito meses do jogador em Belo Horizonte, por empréstimo. O Caracas, onde Otero atuou dos 15 aos 23 anos incompletos, teria direito a receber algo em torno de 4,25% dos 800 mil euros (34 mil euros). Com juros e correções, o valor chega aos 58 mil euros.
Os valores serão pagos até o fim do mês de abril, conforme prazo estipulado na discussão, e que o Atlético promete honrar. É o mesmo tempo que o Galo terá para acertar com a Udinese a dívida pela compra de Maicosuel em 2014, em cifras bem mais importantes – R$ 10 milhões. Até por isso, a diretoria alvinegra solicita junto à Fifa mais seis meses de prazo para quitar o débito com o clube italiano, diante do quadro de congelamento de receitas em tempo de paralisação geral por causa da COVID-19.
No caso de Otero, o jogador foi motivo de outras duas discussões na Fifa, envolvendo o Huachipato e o Atlético. O Galo atrasou o pagamento dos 800 mil euros, acertados em duas parcelas de 400 mil euros (agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2018). Em fevereiro de 2018, pagou 200 mil euros, com um saldo aberto de 600 mil euros, discutidos na Fifa e no TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) até maio de 2019, quando o Atlético pagou R$ 2,7 milhões ao clube chileno, encerrando a questão.
O Huachipato ainda acionou o Atlético por entender que tinha direito de metade das cifras arrecadadas pelo clube mineiro (2,5 milhões de euros dos 5 milhões de euros) quando Otero foi emprestado ao Al Wehda, da Arábia Saudita. Entretanto, o Galo provou que não havia obrigação de repassar os valores correspondentes aos 50% dos direitos econômicos do jogador (presos ao Huachipato) quando a cessão era temporária para outra equipe.
Na Fifa, o Atlético planeja pagar R$ 13 milhões em 2020. Além do Caracas (Otero) e da Udinese (Maicosuel), ainda há cerca de 1,2 milhão de euros em aberto com a Udinese por Douglas Santos, valores não quitados com o Junior Barranquilla pela compra de Yimmi Chará (3 milhões de dólares) e ações a serem contestadas movidas por Vélez Sarsfield (Lucas Pratto), Osmanlispor (Patric) e Banfield (Cazares).
Com Globoesporte.com