Áudios revelam que Ricardo Coutinho teria cobrado propina da Cruz Vermelha, na PB

O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), foi flagrado em conversa debatendo valores de supostas propinas com o operador da Organização Social Cruz Vermelha (CVB) e e Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (Ipcep), Daniel Gomes. No áudio, Ricardo questiona sobre o pagamento de quantias em atraso.

Ricardo Coutinho foi alvo de mandado de prisão preventiva durante a sétima fase da Operação Calvário, na última terça-feira (17), mas ainda não foi preso porque está fora do país. Na ação, foram expedidos outros 16 mandados de prisão. O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), também foi alvo de mandado de busca e apreensão.

Na gravação divulgada, Daniel Gomes, em certo momento, admite que há um débito relatio à propina e lembra que foram feitos pagamentos para a campanha eleitoral.

Em um dos trechos, Daniel Gomes conversa, em um restaurante de João Pessoa, com a deputada Estela Bezerra e a ex-secretária de saúde do estado, Cláudia Veras. Ele comenta sobre o projeto do grupo de passar a gestão da saúde do Conde, no Litoral Sul da Paraíba, para a Organização Social. A proposta foi discutida, segundo ele, com o então governador, Ricardo Coutinho, e com Márcia Lucena, prefeitura do Conde, ambas alvos de prisão preventiva na Operação Calvário.

Daniel Gomes fala sobre esquema de propina

Daniel Gomes: No caso do Conde, por exemplo, a gente tá remodelando. Ricardo deu uma sugestão, que a gente não pegasse, e ideia dela, e a gente discutiu com a Márcia, da gente assumir tudo. Mas de fato, ela vai tomar muita pancada, se for passar a saúde inteira para OS, seria muito ruim.

O que é que a gente decidiu. Deixa a atenção básica, as equipes de saúde da família com ela, que é basicamente mão de obra e a gene vai dar o apoio pra eles (…) e a gente assumiria a policlínica.

Ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho — Foto: Andrê Nascimento / G1 PI
Ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho — Foto: Andrê Nascimento

Operação Calvário – Juízo Final

O governador da Paraíba, João Azevêdo (sem partido), e o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), se tornaram alvos, na manhã desta terça-feira (17), de nova fase da Operação Calvário, da Polícia Federal.

Contra Ricardo foi expedido um mandado de prisão preventiva, mas ele está fora do país, em viagem de férias. No entanto, informou, em nota, que está retornando para a Paraíba. João Azevêdo foi alvo de mandados de busca e apreensão, determinados para o Palácio da Redenção – sede do governo estadual – e para a Granja Santana – residência oficial do governador.

A ação investiga organização criminosa suspeita de desvio de R$134,2 milhões de serviços de saúde e educação. A investigação identificou fraudes em procedimentos licitatórios e em concurso público, além de corrupção e financiamento de campanhas de agentes políticos e superfaturamento em equipamentos, serviços e medicamentos.

Segundo a “Operação Calvário – Juízo Final”, do valor total desviado, mais de R$ 120 milhões foram destinados a agentes políticos e às campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018

Outros envolvidos

A deputada estadual Estela Bezerra (PSB) também foi alvo de mandado de prisão preventiva e foi encaminhada para a carceragem da Central de Polícia Civil. Ainda na noite da terça-fera, a Assembleia Legislativa da Paraíba decidiu revogar a prisão preventiva da deputada estadual. A decisão foi tomada pela maioria dos deputados, através de uma votação secreta.

Quem também foi alvo de mandado de prisão preventiva foi a prefeitura do município do Conde, Litoral Sul da Paraíba, Márcia Lucena (PSB). Todos os nove presos foram levados para presídios, mas Estela Bezerra foi liberada por determinação de um alvará expedido pelo desembargador do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), Ricardo Vital.

A deputada estadual Cida Ramos (PSB) também esteve presente na denúncia que resultou na sétima fase da Operação Calvário. Contra ele, foi expedido um mandado de busca e apreensão.

MP identificou núcleos da suposta organização criminosa

O Ministério Público apresentou a hierarquização e divisão da suposta organização criminosa que desviou R$ 134,2 milhões de recursos da saúde e educação. São quatro núcleos divididos em político, econômico, administrativo e financeiro operacional.

Jornal da Paraíba