O escritor paraibano Bráulio Tavares finalizou nesta terça-feira (10) uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo de dois de seus livros mais famosos, que agora estão sendo relançados. “A Espinha Dorsal da Memória” e “Mundo Fantasmo” são duas coletâneas de contos que marcaram toda uma geração de fãs de ficção científica.
Ao longo de 60 dias de campanha, o escritor tinha como meta arrecadar R$ 29 mil, mas ao término do prazo ele já tinha ultrapassado mais de R$ 40 mil. O número de apoiadores passava de 340.
“A Espinha Dorsal da Memória” é a mais antiga das duas obras. Bráulio explica no vídeo promocional da campanha que ela foi escrita em 1988 e acabou vencendo no ano seguinte o Prêmio Internacional Caminho de Ficção Científica.
São 12 contos divididos em duas partes. Na primeira, são contos fantásticos com temáticas diversas. Na segunda, considerada pelo autor a mais importante, os leitores são apresentados a uma raça alienígena poderosíssima, com inteligência avançada que entra em contato com os habitantes da terra.
Essa raça, chamada de Os Intrusos, apresenta uma tecnologia fantástica aos terráqueos, que é a oportunidade de realizar viagens instantâneas para outros planetas. A questão é que as pessoas só podem avançar para novos planetas, e uma vez deixando a Terra não poderão nunca mais voltar.
“Quem sai da Terra, já sabe que é impossível voltar. Então você sabe que vai sair desembarcando em planetas que não sabe o que vai ter, mas sempre mantendo viva a lembrança da Terra. As frases, os nomes, a história, os costumes, para que você nunca se esqueça da Terra, mesmo sabendo que nunca mais vai poder voltar”, comentou.
O outro livro é “Mundo Fantasmo”, uma coletânea de sete contos e que foi publicado originalmente em 1996. Bráulio conta que o título é uma expressão galgada de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas, e que o livro dialoga com a literatura e a criação artística na ficção científica, fugindo assim dos temas consagrados pelo gênero. “Mundo fantasmo é um corte brusco. De repente, estamos em outra realidade”, reflete.
Sobre a campanha de financiamento coletivo, Bráulio filosofa ao falar que a ideia surgiu durante a pandemia e em meio à quarentena.
“É um financiamento coletivo, mas é também um sonho coletivo. Porque se você não junta o número suficiente de pessoas com o mesmo sonho, com a mesma vontade que aquilo aconteça, ele acaba não acontecendo”, explica Bráulio.
Ele explicou também o tipo de sedução que precisou fazer durante o período: “A gente espalha a boa nova, de que um livro vai surgir, seduz as pessoas, atrai, convence que o livro é bacana. E se você tem um número suficiente de pessoas interessadas, o livro sai”.