Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram um capacete que ajuda na ventilação para pacientes com Covid-19 e que estão em estado grave. A invenção, divulgado na quarta-feira (29), permite que o paciente receba uma quantidade maior de oxigênio sem que seja necessária a intubação.
De acordo com os pesquisadores do Laboratório de Fabricação Digital (FabLab) do Centro de Energias Alternativas e Renováveis (Cear), o modelo é uma alternativa de tratamento clínico para a Covid-19, diante da escassez de aparelhos de ventilação no mercado e pode ser usado em pacientes com necessidade de suporte ventilatório.
Com a utilização do capacete, os pesquisadores pretendem disponibilizar uma alternativa de ventilação não invasiva, com geração mínima de aerossóis, possibilitando oferecer oxigênio e pressão positiva sem realizar a intubação orotraqueal, reduzindo, assim, as possíveis complicações geradas pela ventilação mecânica.
De acordo com os pesquisadores, uma das principais causas de infecção hospitalar é a pneumonia associada à ventilação mecânica. Com relação ao uso do equipamento, desde que o paciente apresente boa adaptação, o capacete pode ser usado por até 15 dias.
O aparelho foi submetido na quarta-feira ao comitê de ética do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da UFPB e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os pesquisadores pediram também autorização para seguir trabalhando no projeto e iniciar testes com pacientes.
“Esse tipo de capacete reduz a contaminação do hospital, devido ao confinamento do paciente ao capacete”, explicou o coordenador do FabLab, Euler Cássio. O protótipo desenvolvido pelos pesquisadores foi feito com um capuz manufaturado de PVC, anel fabricado com impressora 3D, membrana de vedação cervical adaptada de balão látex, conectores de saída e entrada de gases feitos com tubos de PVC.
Esta versão foi testada por meio da conexão do protótipo a um suporte ventilatório mecânico no dia 13 de abril, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB. Não houve intercorrências e foi constatada viabilidade.
O usuário submetido ao teste foi Alberto Filho, um dos desenvolvedores do capacete. Um segundo teste foi realizado no dia 22 de abril, no Hospital Alberto Urquiza Wanderley, da Unimed, em João Pessoa.
O professor Euler Cássio ressalta que, embora o processo de fabricação seja simples, a equipe ainda está em busca de parceiros que possam aumentar a capacidade de produção após a regulamentação pela Anvisa.
“Queremos produzir em massa, mas com nossa capacidade não temos como produzir muitas unidades”. Também atuam na inovação os pesquisadores Alberto Oliveira Filho, Eliauria Martins e Luiz Regis. Contatos devem ser realizados pelo [email protected].