Daniel Alves detona bastidores políticos do São Paulo e quatro técnicos no ano: “É impossível”

Daniel Alves, do São Paulo, fez duras críticas à divisão política interna do clube, após a vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, nesta quinta-feira, no Morumbi.

Em meio à pressão de conselheiros da base aliada ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para a saída de Raí, o camisa 10 respondeu sobre como encara a possibilidade de o diretor executivo de futebol não estar no clube em 2020.

Existe a ideia de colocar no lugar do ídolo um conselheiro não remunerado para fazer uma reestruturação no departamento de futebol. O contrato de Raí termina em dezembro.

– A gente não cogita esse tipo coisa pelo simples fato em que vou voltar a insistir no que falei antes: a gente quer estabilidade dentro do clube. Para mudar essa história, essa negatividade que tem dentro do clube. Um clube grande como o São Paulo não pode estar esse tempo todo sem ganhar títulos, tem de aspirar coisas positivas, voltar a ser do tamanho da grandeza do São Paulo. Mas isso só vai acontecer se a gente tiver estabilidade, oportunidade de escrever uma história. Não é fácil para mim, nem para ninguém – disse Daniel Alves.

– Quero conectar as pessoas que estão aqui para que elas entendam que uma história só muda se você tiver essa estabilidade. Senão, você vai passar mais nove anos sem ganhar. Estava falando até com alguns companheiros. Em um ano, eles tiveram quatro treinadores. É impossível. Impossível se você não criar uma filosofia. Não criar uma identidade. Ele treina só quatro meses. Eu nunca vi ninguém fazer nada em quatro meses. É um processo que você tem de viver. E se você pagar o preço, você vai aspirar coisas. Se não consegue, vai ficar oscilando, e o clube vai passar mais nove anos sem conquistar – completou.

Daniel Alves se refere a André Jardine, Vagner Mancini, Cuca e agora Fernando Diniz, os quatro treinadores do São Paulo nesta temporada.

Em outro momento da entrevista Daniel Alves criticou a política do clube. O Conselho Deliberativo do São Paulo tem 240 conselheiros, divididos em diferentes grupos, espécies de partidos políticos. Eles são os responsáveis por tomar decisões que influenciam no dia a dia do clube como, por exemplo, eleger o novo presidente – a próxima eleição ocorrerá em dezembro de 2020.

– A sensação que tenho no São Paulo é de que existem vários partidos. Um clube com vários partidos é um problema, porque não gera estabilidade. Nem todo mundo no São Paulo quer a mesma coisa. Nós queremos uma coisa, mas o entorno do São Paulo é muito pessimista. Dentro do clube. Quem está fora quer entrar e às vezes joga um pouco sujo, porque acredito que para um clube ter estabilidade todos precisam pensar no mesmo sentido, porque se não vira partido político. Cada um fazendo campanha para assumir o São Paulo e tentando derrubar os que estão à frente – disse.

– As pessoas que sentem realmente o São Paulo sabem o que os jogadores e diretores querem. Com isso, acredito que temos o suficiente. Mas no São Paulo temos de superar até esse tipo de coisa, o que é ridículo em certos momentos como clube. Nós que estamos à frente temos de saber realmente o que queremos, os demais são papagaios repetindo coisas tentando gerar instabilidade no clube – completou.

Daniel Alves em disputa com Leandro Castán no jogo entre São Paulo e Vasco — Foto: Marcos Ribolli
Daniel Alves em disputa com Leandro Castán no jogo entre São Paulo e Vasco — Foto: Marcos Ribolli

– Eu vim para cá fazer com que o São Paulo seja um pouco diferente. Vemos pessoas que formaram parte do clube criticando ou… noto até um pouco de frustração. A diferença nossa para eles é simplesmente que nós torcíamos para eles e eles ao contrário: sempre tentando botar confusão e gerar instabilidade.

Daniel Alves também admitiu influência da política no futebol do São Paulo.

– Ela está dentro do São Paulo, então entra em qualquer lugar. Para a gente estar protegido disso tem que dar resultado. Estamos tentando fazer nossa história no São Paulo. Com todo respeito a outras pessoas que passaram pelo São Paulo, não queremos ocupar o lugar deles. Quando você forma parte de um clube e consegue fazer história não tem quem apague, a história está feita. A única coisa que nós queremos é escrever um novo capítulo.

– Esse clube é muito grande, respeitado mundialmente. Temos que nos blindar, porque não é todo mundo que quer a mesma coisa. Temos que dar resultado e mudar toda essa negatividade que existe dentro do clube. Tentar fazer com que essas pessoas não alcancem os objetivos delas. O São Paulo é maior do que eu, Raí, presidente, todos os jogadores que estão aqui e os que passaram. É preciso seguir escrevendo capítulos. Quem está aqui tem que fazer a sua história sem querer apagar a dos outros.

Com GE


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