Desta vez, Neymar está coberto de razão. Não dá para ter paciência

Neymar tem vários defeitos, mas descontadas aquelas simulações ridículas, ninguém discute que é um jogador espetacular. Um dos três melhores jogadores do planeta. Pode falar do cabelo dele, da marra, dos parças, enfim, ninguém é obrigado a curtir a Neyrmarlândia. Mas, dentro de campo, o sujeito joga demais.

Então, meus caros, quando ele resolve dar uma lambreta num adversário e o árbitro boçal mostrar amarelo para ele, quem gosta de futebol deveria fazer coro com Neymar e mandar um “vai para a casa do caramba” para o soprador francês. Nem é a jogada que eu mais curto dentro de campo, acho até que Neymar pode fazer coisas ainda melhores, mas a lambreta é dele. É um recurso que ele tem, gosta de fazer e é parte do jogo. É preciso ser muito espírito de porco, chato de plantão e prepotente para punir um jogador pelo pecado capital da criatividade. Desta vez, Neymar está coberto de razão. Não dá para ter paciência. O burocrata francês mereceu.

No Brasil, algo parecido. Janderson, um garoto, faz um gol num clássico contra o Santos e leva o segundo amarelo. Foi expulso por ter se entregue à felicidade. No futebol brasileiro é proibido festejar com o povo. Parece ser um ato alérgico aos burocratas locais. Criam “recomendações” para congelar a emoção. Transforme-se em robô e seja feliz no futebol nacional.

Janderson fez um gol e virou culpado. O menino joga no Corinthians, marca num clássico contra um rival e tem que ter nervos de Freeze. Se saísse cheio de marra, de braços cruzados ou se desse uma rebolada patética em frente à primeira câmera de tv que aparecesse, tudo bem. Talvez até ganhasse um tapinha nas costas do árbitro e dos autores das cartilhas de recomendação. Como resolveu ser espontâneo e correu para a Fiel, tornou-se um pária. Um indisciplinado, um cidadão de altíssima periculosidade.

É o que costumo dizer. O futebol é bom para caramba dentro de campo. Fora dele, não vale a pena. É um reunião de gente chata, careta, pernóstica, conservadora e que deseja engessar e criar normas de conduta do Século XVIII. Tem inveja de quem faz arte. De quem tem talento. De de quem tem brilho próprio. E de quem tem a coragem de se emocionar. No fundo, queriam dar uma lambreta para o mundo aplaudir ou correr para a galera depois de um gol. Impossível para eles. Passaram vergonha.