‘Fomos obrigados a cortar parte do orçamento por uma necessidade de guerra’, diz ministro da Educação

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou nesta segunda-feira (26) que o governo precisou escolher entre o investimento em pesquisa ou colocar comida na mesa de brasileiros, para justificar a redução de recursos da pasta que comanda. “Fomos obrigados a cortar parte do nosso orçamento, porque uma necessidade de guerra nos obrigou”, disse o ministro durante aula magna inaugural do semestre letivo 2021.1, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.

Estiveram presentes no evento o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena e o reitor da universidade, Valdiney Veloso Gouveia.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou o Orçamento de 2021 com cortes de quase R$ 30 bilhões. O Ministério da Educação foi o segundo mais atingido, com uma redução de quase R$ 4 bilhões, mesmo com desafio para a volta às aulas presenciais.

Além disso, um relatório da organização Todos pela Educação apontou que o Ministério da Educação não gastou os R$ 143,3 bilhões que tinha disponível em 2020 – o menor orçamento desde 2011.

Ainda conforme o ministro, o MEC providenciou 400 mil chips que foram distribuídos a alunos de baixa renda do ensino superior, mas mesmo assim, o problema da conexão com internet se agravou no Brasil.

“São 48 milhões de alunos e, se você imaginar, temos 54 mil escolas rurais que nem sinal de internet tem. Não adiantaria chegar um tablet, mas o MEC está procurando junto aos estado e municípios minimizar essa perda.”

Segundo o ministro, o governo está tentando mitigar os prejuízos que a pandemia causou com políticas como a autorização de R$ 4,3 bilhões para kit alimentação de crianças carentes. “Em termos educacionais vamos correr atrás, diagnosticando o nível do comprometimento para tomar as medidas na ocasião oportuna”, afirma.

Radical sobre questões de gênero

Milton Riberio disse no encontro que é radical sobre questões de gênero. “A natureza diz que é homem, é XY, mas eles querem dizer que a pessoa pode escolher o que quer. Não pode ser assim. Nesse ponto eu sou bem radical.”

O ministro, que também é pastor evangélico, afirma que retirou questões de gênero do edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), pois não se pode comentar esse tipo de assunto com crianças.

No edital, também foram retirados trechos como “especial atenção para o compromisso educacional com a agenda da não-violência contra a mulher” e promover “negativamente a imagem da mulher”, além de excluir a palavra “democráticos” dos princípios éticos.

No evento da UFPB, ele explicou a decisão. “Crianças com 9, 10 anos, sabem ler, sabem tudo com respeito a essas senhoras aqui presente, sabem até colocar uma camisinha, mas não sabem que B + A é BA. Estava na hora de botar um basta nisso. Eu retirei do edital do livro didático questões de gêneros para crianças de 6 a 10 anos. Onde já se viu começar a discutir esses assuntos?”, questionou.

Jornal da Paraíba