O Instituto de Polícia Científica (IPC) confirmou, nesta segunda-feira (29), que os corpos encontrados na zona rural de Sapé são do casal de idosos desaparecidos, após o golpe cometido por um falso corretor de imóveis.
De acordo com o superintendente do IPC, Sidkley Oliveira, a confirmação veio após o resultado do exame de DNA de um material genético coletado de parentes de Maria Célia e Nelson Honorato.
A partir de agora, a polícia aguarda a conclusão de exames complementares, que serão necessários para dar uma estimativa de quando as mortes aconteceram e quantas pessoas participaram do crime.
O crime
Segundo a investigação, o crime começou a ser executado por volta das 11h do dia 18 agosto. Nicolas, que confessou ter matado Maria Célia e Nelson Honorato, foi até a casa junto com Ailton Emanuel, apontado como mentor do crime, se passando como falso corretor de imóveis.
Ailton tinha as chaves do imóvel e entrou na residência para supostamente mostrar um quitinete que estava disponível para aluguel. Ele encontrou apenas Lucas, o filho do casal – que é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA), e o trancou em um quarto, e esperou Nelson Honorato, proprietário da casa, chegar ao local.
Dupla usou ‘truque’ para enganar vítimas
Quando Nelson chegou à residência, apresentou Nicolas como interessado em alugar o quitinete. Ailton levou Nelson até o quitinete, onde Nicolas começou a executar o crime, com um golpe de marreta. Nicolas teria se assustado com a situação, então Ailton pegou a ferramenta e desferiu mais golpes em Nelson.
A dupla esperou a chegada da esposa de Nelson, Maria Célia, que tinha ido para João Pessoa para fazer um exame. Quando ela chegou, foi levada por Ailton para a quitinete, dizendo que havia um interessado no aluguel.
Ao chegar no quarto, Célia se assustou ao ver a situação e, rapidamente, Nicolas e Ailton a seguraram e asfixiaram ela.
Os corpos de Nelson e Maria Célia foram levados para uma zona de mata nos arredores de Sapé e os enterrou em uma cova rasa.
Nos dias seguintes, Ailton manteve o filho do casal trancado em casa, enquanto tentava vender o imóvel, afirmando hora que era de um casal que estava de mudança para o Rio de Janeiro, hora que estavam fazendo um tratamento de saúde em João Pessoa.
Segundo o delegado, Ailton e Nicolas matariam Lucas no mesmo dia, mas Nicolas desistiu. Nesse ponto, Ailton procurou outra pessoa para matar Lucas e encontrou Renan, o terceiro envolvido no crime.
Na sexta-feira (22 de agosto), eles tiraram Lucas de casa, afirmando que o pai, Nelson, queria vê-lo. Lucas saiu com Ailton e Renan e foi levado para uma área de mata nos arredores de Sapé, onde recebeu vários golpes de martelo na cabeça.
Plano começou a dar errado
Como Lucas sobreviveu ao ataque e Renan – que foi preso no dia 25 de agosto e confessou o crime, admitindo ter recebido R$ 10 mil para matar o rapaz – Ailton começou a arquitetar a fuga, segundo o delegado Márcio Pereira, da Delegacia Seccional de Sapé.
“Ele fugiu para a região da Serra da Raiz e depois foi em direção à Pernambuco e, finalmente, na região da Bahia. Não ficou claro como foi o modus operandi, mas sabe-se que ele estava em um carro (Fiat Uno), que ele abandonou em Serra da Raiz”, detalhou o delegado.
Ailton acabou sendo preso no dia 26 de agosto, na cidade de Jaguaquara (BA), em uma abordagem de rotina da pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um ônibus interestadual.