O Campeonato Paraibano foi paralisado no dia 18 de março. Ou seja, há pouco mais de um mês. Período mais do que suficiente para os jogadores sentirem na pele as incertezas sobre o futuro. Até por isso, é cada vez maior o coro pedindo a retomada do futebol – mesmo que isso, num primeiro instante, afronte as recomendações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O problema é que o desemprego bate a porta. A maioria dos contratos de jogadores no futebol paraibano termina nesta quinta-feira – último dia útil do mês de abril. A tendência é que os vínculos não sejam prorrogados, ainda mais sem uma definição de volta aos treinos. A série Futebol Paraibano na Pandemia, da Rádio CBN, abordou o futuro dos atletas na terceira e última reportagem de Mário Aguiar.
O lateral Matheus Camargo, do Campinense, e o volante Dedé, do Treze, deixaram a rivalidade de lado. E afinaram o discurso: querem a volta do Campeonato Paraibano, mas com ressalvas. O raposeiro, por exemplo, acredita que o futebol pode retornar com jogos de portões fechados.
– O Campeonato Paraibano tem que ser finalizado porque dá vaga para série D, Copa do Nordeste, Copa do Brasil… Não tem como fugir disso. Acredito que melhor maneira seja sem torcida, infelizmente – disse Matheus Camargo.
A ideia é compartilhada por Dedé. O volante trezeano também lembra que há um calendário em jogo para 2021, e não retomar as disputas pode trazer um prejuízo ainda maior para a sequência do futebol brasileiro.
– Espero que volte logo, sem torcida mesmo. Queremos buscar os objetivos do clube, um calendário melhor para o próximo ano, para que não passar pela situação que tá passando agora – lembra Dedé, se referindo às dificuldades financeiras que o Treze atravessa.
O Galo tem apenas duas competições em 2020: o Campeonato Paraibano e o Campeonato Brasileiro da Série C. Caso chegue à decisão do estadual, se garantiria na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste da próxima temporada.
Voltar, mas com segurança
O que os jogadores não abrem mão é que a volta do futebol seja cercada de segurança. Para o zagueiro Fred, capitão do Botafogo-PB, não adianta acelerar o processo sem que os personagens do futebol não tenham segurança contra a Covid-19. O defensor admite estar com medo de um retorno precipitado e diz que não fala só em nome dos atletas.
– Eu quero uma decisão pensando não só no espetáculo, tem que pensar em todo mundo. A gente tem que ficar concentrado, conviver no vestiário… Não sabemos como nossos companheiros se relacionam dentro de casa, na família, no shopping… Se saem para algum lugar.
Fred reitera que o cuidado com a saúde tem que vir em primeiro lugar.
– Eu acho que primeiro a gente tem que prezar pela saúde, pelo bem-estar de nossos atletas, comissão técnica, diretoria também… Porque quando a gente vai pro estádio não é só a gente. Então esperamos que tudo seja resolvido o mais rápido possível. O difícil é a gente ficar em casa sem ter um norte – lamenta o botafoguense, que assim como todo o elenco está em férias.
A terceira e última reportagem da série Futebol Paraibano na Pandemia, do repórter Mário Aguiar, também pode ser acessada no Jornal da Paraíba.