O município de Lagoa de Dentro, localizado na região do Brejo paraibano, amarga uma posição preocupante entre os 10 piores índices dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) da Paraíba, de acordo com os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023. A notícia não apenas evidencia falhas graves na educação local, mas também expõe uma crise que afeta o futuro de centenas de jovens da cidade.
O que o Ideb revela?
O Ideb foi criado para ser o principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil. Ele avalia o desempenho dos estudantes nas provas de larga escala e considera as taxas de aprovação nas escolas. Para um município estar entre os piores índices do estado, significa que não só os alunos estão enfrentando dificuldades para aprender, mas também que há uma séria ineficiência na gestão educacional.
A realidade das escolas de Lagoa de Dentro é um reflexo do abandono que a educação tem sofrido ao longo dos anos. Infraestrutura precária, falta de recursos didáticos, desvalorização dos profissionais da educação e ausência de políticas públicas eficazes são apenas algumas das causas que resultaram nesse desempenho vergonhoso. É inaceitável que em pleno século XXI, crianças e adolescentes sejam privados de uma educação básica de qualidade, o que compromete suas chances de um futuro digno.
Os baixos resultados no Ideb não são apenas números; eles representam vidas sendo negligenciadas. Cada ponto perdido no Ideb é uma criança que deixa de aprender o mínimo necessário para progredir nos estudos. As consequências dessa situação são devastadoras: evasão escolar, aumento da criminalidade juvenil, desemprego e perpetuação da pobreza. A educação deveria ser um motor de transformação social, mas em Lagoa de Dentro, ela está se tornando uma âncora que impede o progresso.
Responsabilidade e Omissão do Poder Público
A gestão pública de Lagoa de Dentro precisa ser responsabilizada por essa calamidade educacional. A posição entre os piores do estado é um atestado de omissão e ineficácia. A falta de investimentos, o desprezo pela qualificação dos professores e a ausência de planejamento estratégico revelam uma gestão que negligencia o futuro de seus cidadãos. Enquanto os gestores não assumirem a responsabilidade por essa tragédia educacional, o cenário tende a piorar ainda mais.
A educação deveria ser a prioridade número um em qualquer cidade que aspire ao desenvolvimento. Infelizmente, em Lagoa de Dentro, o que se vê é o oposto: oportunidades sendo desperdiçadas por uma administração que fecha os olhos para o potencial de suas crianças e adolescentes. A cidade está condenando uma geração inteira à falta de perspectiva, o que, a longo prazo, compromete não apenas o futuro dos jovens, mas o desenvolvimento de toda a região.
Chegou o momento de repensar as prioridades. Se nada for feito agora, Lagoa de Dentro continuará mergulhada na mediocridade educacional, enquanto outras cidades avançam. É preciso coragem para romper com a inércia e adotar medidas emergenciais: maior valorização dos professores, investimentos em infraestrutura escolar, reforço no acompanhamento pedagógico e incentivo à participação da comunidade escolar.
O Ideb 2023 lançou luz sobre uma ferida que há muito tempo vem sendo ignorada. A crise na educação de Lagoa de Dentro exige uma resposta urgente e efetiva. Não é apenas uma questão de melhorar índices; é sobre garantir que as futuras gerações tenham a chance de viver uma vida melhor, com mais oportunidades e dignidade. Resta saber se o gestor da cidade está dispostos a fazer o necessário ou se continuarão a ignorar o futuro das crianças e adolescentes que dependem de uma educação de qualidade.
Portal do Brejo – Rodrigo Sousa
