Um novo protocolo sobre o tratamento de pacientes com Covid-19 pela Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba não recomenda o uso de hidroxicloroquina para pacientes com a doença causada pelo novo coronavírus. O documento do Centro Estadual de Disseminação de Evidências em Saúde do Covid-19 (Cedes), que traz a alteração, foi divulgado nesta quarta-feira (27). Até o início da semana, o governo do Estado recomendava o uso para casos graves da doença.
A Paraíba é o segundo estado a deixar de recomendar o medicamento para o medicamento para o tratamento do novo coronavírus. O Ceará decidiu nesta segunda-feira (25), por meio de uma nota técnica, não recomendar aos médicos do estado a utilização do remédio. A Covid-19 já matou 24.512 brasileiros até esta terça-feira (26).
Segundo Daniel Beltrammi, secretário-executivo da Gestão da Rede de Unidades de Saúde da Paraíba, a recomendação é para que a hidroxicloroquina não seja usada em nenhum caso da doença. Entretanto, os médicos têm o direito de prescrever qualquer medicamento, assumindo totalmente a responsabilidade por receitar a medicação.
De acordo com o protocolo, “as evidências inicialmente promovidas pelos estudos chineses são bastante frágeis, sendo superadas com novos estudos recentemente publicados, com metodologia adequada, em seres humanos. Também não se pode deixar de evidenciar que além da ausência de benefícios do uso da cloroquina/hidroxicloroquina o seu uso esteve relacionado a maior mortalidade e maior incidência de efeitos colaterais em vários trabalhos previamente citados”.
O presidente Jair Bolsonaro defende o uso da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Mas não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no medicamento, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização. O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No intervalo de menos de um mês, os dois deixaram o governo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu nesta segunda-feira (25) o uso da hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com cientistas de 100 países. A suspensão temporária foi tomada até que a segurança da droga seja reavaliada, já que estudos recentes mostraram que ela não é eficaz contra a Covid-19 e pode aumentar a taxa de mortalidade.
Um estudo da Revista The Lancet, realizado com 14.888 pacientes em 671 hospitais de seis continentes do mundo, apontou maior risco de arritmias cardíacas, especialmente quando a Hidroxicloroquina for utilizada em combinação com a Azitromicina. A análise ainda considerou que há maior risco de óbito.
A Secretaria de Saúde da Paraíba também não adotou a última mudança no protocolo do Ministério da Saúde, que recomenda o medicamento para tratamento de casos leves a graves de Covid-19.
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que adotou protocolo com uso do medicamento em pacientes no início dos sintomas da Covid-19, informou, por meio da assessoria, que não suspenderá o uso da substância e que deve seguir o que for definido pelo Ministério da Saúde. Até esta terça-feira, a cidade registrou 936 casos confirmados e 11 mortes por coronavírus.
O prefeito de São Mamede, Umberto Jefferson (DEM), que disponibiliza kits de medicamentos por meio do município para tratamento da doença, disse que continuará a ofertar para população os remédios que forem prescritos pelos médicos. O município não tem um protocolo específico para o tratamento da doença. Até esta terça-feira, São Mamede tinha nove casos confirmados da doença e nenhuma morte registrada.