Em nove anos, entre 2010 e 2018, foram realizadas na Paraíba 306.233 mamografias. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e mostram, segundo a coordenador de Saúde da Mulher, Fátima Moraes, um número ainda não satisfatório. “Poderia ter sido mais, mas existem vários fatores [que impedem]. A principal estratégia ainda é trabalhar para divulgar a importância, desmitificar mitos. O mais importante é informar e prevenir”, declarou.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a mamografia de rastreamento é um exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama. Ele é recomendado para mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios.
De acordo com dados divulgados pelo Inca, são esperados 1.120 novos casos de câncer de mama em 2020, na Paraíba. Em João Pessoa, esse número é de 360.
Atualmente, a Paraíba tem 21 mamógrafos em atividade, em clínicas e hospitais públicos e privados credenciados. Além disso, as cidades de Areia e Pombal também já estão recebendo novos equipamentos.
Em 2019, até o mês de novembro, foram 33.581 mamografias realizadas. A demanda da mamografia, segundo Fátima, é mais trabalhada pelos municípios, que estão mais diretamente ligados na assistência e prevenção das mulheres.
A ideia é diminuir o caminho que a mulher precisa percorrer até chegar no momento do exame. Em João Pessoa, por exemplo, basta pegar uma autorização em uma unidade de saúde e ir em qualquer rede credenciada para a realização do exame, sem nenhum burocracia.
Hoje, pelo menos o Hospital Napoleão Laureano, o Centro Especializado Diagnóstico do Câncer (CEDC) e o Hospital Vicente de Paula realizam o exame gratuitamente, se as mulheres estiverem em uma faixa etária entre 50 e 69 anos. Apenas em João Pessoa e Campina Grande a faixa etária de rastreamento é a partir dos 40 anos, segundo Fátima.
“É preciso mostrar para a mulher o risco se ela não fizer o exame. Quanto mais precoce for detectado, mais sucesso vai ter com o tratamento [do câncer de mama] e o percentual de cura aumenta. Temos que trabalhar de janeiro a janeiro, não só em outubro”, destaca Fatíma Moraes.
‘Mamografia pode reduzir a mortalidade do câncer de mama’
A mastologista Joana Barros começa o ano sempre fazendo a sua própria mamografia. E refaz, outras tantas vezes, em mulheres que a procuram para realização do exame. O mais indicado, segundo ela, é fazer o exame anualmente para mulheres com 40 anos ou mais.
“A mamografia é o único exame que pode provar cientificamente que pode reduzir a mortalidade do câncer de mama, é um problema de saúde pública”, frisou. Em países em que o rastreamento mamográfico é realizado com qualidade e rapidez, a mortalidade diminui, mesmo que o número de casos aumente ou continue o mesmo, simplesmente por detectar mais cedo a doença.
Porém, a maioria das mulheres ainda não têm acesso à mamografia e à forma da realização. Muitas vezes o que falta é informação. “Esbarramos muito na desinformação por parte de quem conduz esse processo e pela própria mulher, que não sabe a importância e por isso não procura”, enfatiza Joana.
A mastologista também é fundadora e atual presidente da Organização Não Governamental Amigos do Peito. A ONG administra o projeto Jampa no Peito, para fazer com que a informação sobre a mamografia e o câncer de mame chegue na periferia. “Se existe um local que pode nos receber e queira saber a importância do exame, a gente está lá”, disse.
“Se eu pudesse, se eu não tivesse que investir em tecnologia, compra de equipamentos, eu seria mais feliz do ponto de vista de me sentir mais útil se o meu trabalho pudesse atingir o maior número de mulheres”, lamenta Joana Barros.
Além disso, ela esclarece, assim como Fátima Moraes, que uma das ações mais importantes a serem feitas é desmitificar algumas informações que são repassadas e compartilhadas sobre a mamografia. É preciso entender que o exame busca a prevenção e a descoberta precoce do câncer de mama, de modo a realizar um tratamento mais eficaz.