‘Parlametria’: 90% dos deputados federais eleitos em 2018 receberam doações de empresários

plataforma

Um levantamento feito pela plataforma “Parlametria” apontou que apesar do financiamento privado nas campanhas eleitorais ter sido vedado, aproximadamente 90% dos deputados federais eleitos – 461 dos 513 parlamentares – contaram com doações feitas por empresários, que somaram R$ 115,9 milhões. Os dados do estudo estão disponíveis para o público no site da ferramenta, que é gratuita e foi desenvolvida no laboratório Analytics, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Acompanhar posicionamentos de deputados e senadores do Brasil, os vínculos e afinidades políticas e econômicas deles dentro e fora do ambiente legislativo são os objetivos da plataforma, que foi lançada no último dia 27 de novembro.

O projeto foi criado em parceria com pesquisadores da Open Knowledge Brasil e da instituição Dado Capital. A finalidade da plataforma é simplificar as informações que tramitam no Congresso Nacional.

Na Câmara, as doações somam R$ 90,3 milhões, o equivalente a 16% do total recebido pelos parlamentares eleitos. No Senado, a participação das doações de empresários foi cerca de 27%, que correspondem a R$ 25,6 milhões, do total gasto em campanha pelos senadores eleitos veio de pessoas físicas com participação societária em empresas.

Para os criadores da ferramenta, a análise demonstra que os laços entre os empresários e políticos continuam fortes e mudam apenas a forma com que as doações são feitas.

Com a ferramenta, também é possível verificar como votou cada parlamentar em temas sobre meio ambiente, direitos humanos, integridade e transparência, agenda nacional e educação. Além de acompanhar, em termos percentuais, quais votos favoráveis à agenda do Governo Federal.

Para o professor da UFCG Nazareno Andrade, coordenador do Laboratório Analytics, a intenção da plataforma é disponibilizar informações e análises para que a sociedade possa se engajar e influenciar o trabalho do parlamento brasileiro de acordo com os seus temas de interesse.

“O que pretendemos com o estudo é mostrar como esses grupos econômicos seguiram atuando, mesmo depois da proibição do financiamento privado. Importante é o cidadão acompanhar o deputado que elegeu com base nessas informações”, ressalta.