Pinto do Acordeon, autor de ‘Neném mulher’, deixa obra arretada ao morrer aos 72 anos

♪ OBITUÁRIO – Musicalmente, o Nordeste sempre se portou como nação independente do Brasil. Embora muitos cantores, compositores e músicos da região tenham obtido a merecida consagração nacional, sempre houve artistas nordestinos que construíram sólida carreira dentro das fronteiras locais, aclamados por fãs fiéis, sem precisar do aval do público e da mídia do eixo Rio-São Paulo.

Foi o caso do cantor, compositor e músico paraibano Francisco Ferreira Lima (19 de fevereiro de 1948 – 21 de julho de 2020), o Pinto do Acordeon, artista que morreu aos 72 anos, vítima de complicações decorrentes de câncer na bexiga, na cidade de São Paulo (SP), na madrugada desta terça-feira, 21 de julho.

A rigor, Pinto do Acordeon teve um momento de visibilidade nacional na carreira iniciada nos anos 1970. Foi em 1989 quando o sanfoneiro teve a música Paixão de beata, composição de autoria do artista, veiculada na trilha sonora da novela Tieta (TV Globo) em gravação do próprio Pinto do Acordeon.

Tratava-se da música originalmente intitulada Neném mulher, lançada pelo Trio Nordestino cinco anos antes no álbum Com amor e carinho (1984) e depois propagada na voz de Elba Ramalho em gravação feita para o álbum Remexer (1986).

Nascido no município de Conceição, cidade interiorana do sertão paraibano do Vale do Piancó em que Elba Ramalho também veio ao mundo em 1951, Pinto do Acordeon deixa álbuns como Forró cocota (1978), Me botando pra roer! (1986), Na quentura do forró! (1987), A voz do sertão (1989) e De língua (2000) em discografia arretada que perpetua obra tornada Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba em julho de 2019.

Como compositor, Pinto do Acordeon teve músicas gravadas por cantores nordestinos como Fagner (Vem viver essa paixão, em disco ao vivo de 2002), Flávio José e Genival Lacerda, entre outros nomes da independente nação musical nordestina.

Por Mauro Ferreira