“Faça ciência como uma garota” é o lema de um projeto que tem o objetivo de incentivar a formação de mulheres para as carreiras de ciências exatas, engenharias e computação no Brasil. O “Meninas na Física e na Engenharia” é desenvolvido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) há menos de um ano e foi criado para integrar um edital lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a finalidade de incentivar a formação de mulheres para as carreiras de ciências exatas, engenharias e computação no Brasil.
As ações do projeto são lideradas pelo Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde (CCTS) da UEPB, localizado no campus VIII da instituição, em Araruna, no Agreste do Estado. Ao todo, são 24 bolsistas e cerca de 500 meninas de cinco escolas públicas da zona rural do Curimataú paraibano que participam de atividades científicas ofertadas por um grupo de professores de licenciatura em física.
Para Alessandra Brandão, de 47 anos, coordenadora do projeto, esse representa uma abertura de possibilidades. “Assim, elas podem fazer parte de espaços que tradicionalmente parecem que não são para elas, já que são mais ocupados por homens. Uma ou outra que pula esse círculo. A ideia é dizer que elas podem ser o que quiserem. Por isso vamos para a base da educação despertar essa vontade pelo conhecimento nos cursos de física e engenharia”, destacou.
Alessandra, que é professora há 15 anos, lembrou de quando a iniciativa ainda estava engatinhando. Ela disse que tudo foi pensado com carinho, mas principalmente com muita dedicação, que não pensou em desistir e se orgulha do que é desenvolvido. “Foram muitos projetos inscritos, a concorrência era enorme. O nosso foi selecionado com uma nota muito boa. Ficamos muito felizes e estamos trabalhando até agora”, completou.
‘A ciência é feita para todos’
“A ciência é para todos”, disse Geisse Kelly Soares Nery Pontes, de 22 anos. Ela é aluna do curso de física da UEPB e uma das bolsistas do projeto. No começo, a jovem não tinha tanto interesse pela área, mas se surpreendeu quando começou a estudar.
“O meu sonho era fazer alguma engenharia, mas quando entrei e vi a realidade do curso, não senti a mínima vontade de trocar. Agora eu passo para as meninas o mesmo que passaram pra mim. Mostro, na prática, o quanto o curso pode ser interessante, que não é uma realidade distante delas. A ciência no nosso país ainda é muito voltada para os homens. Nós não excluímos os meninos, mas empoderamos as meninas”, enfatizou.
Empoderamento e representação feminina
Por mês, são realizados cerca de quatro encontros. Uma das atividades do projeto é o “cinema com pipoca”, que inclui sempre um filme, seguido de uma roda de conversa sobre mulheres que são referência para a ciência e sinônimo de representatividade para outras mulheres.
A seriedade da ciência contrasta com a descontração delas que reinventam os conhecimentos científicos de várias maneiras, como através da peça teatral que fizeram para recontar a história de Malala Yousafzai, que é militante dos direitos das crianças, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.
Incentivo do CNPq
Em maio de 2018, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançaram a chamada “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”. A iniciativa tem o objetivo de estimular a aproximação das escolas públicas da Educação Básica com as Instituições de Ensino Superior.
O edital reforça as manifestações da comunidade científica sobre a necessidade de ampliar o interesse e a participação de meninas e mulheres nas áreas de ciências exatas e reduzir a desigualdade de gênero.
Jornal da Paraíba