Relatório da UFPB alerta para crescimento de 155% em casos de Covid-19 no Vale do Mamanguape

Um relatório feito por pesquisadores do Centro de Ciências Aplicadas e Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) alerta sobre o avanço da pandemia de Covid-19 nos 12 municípios do Vale do Mamanguape, no Litoral Norte paraibano.

De acordo com o levantamento, em dez dias, de 1º a 10 de junho, os registros de infecção pelo novo coronavírus na região aumentaram 155%, de 400 para 1.021 casos confirmados. Nesse período, o número de mortes subiu de dez para 23, uma ampliação de 130%.

Das 12 cidades da região, no dia 10 de junho, os municípios de Mamanguape, Rio Tinto e Baía da Traição foram os que mais atestaram infecções do coronavírus, com 529, 160 e 87 casos, respectivamente. Já Itapororoca (64), Capim (51), Mataraca (40), Jacaraú (37), Cuité de Mamanguape (24), Curral de Cima (10), Marcação (9), Lagoa de Dentro (9) e Pedro Régis (1) também registraram casos de Covid-19.

Segundo dados dos pesquisadores da UFPB, os municípios de Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Marcação, Lagoa de Dentro e Pedro Régis, até o dia 10 de junho, não registraram mortes. De acordo com os especialistas, o fato de não haver mortes nessas cidades está atrelado ao isolamento social e à menor estrutura delas. Segundo a pesquisa, a população dessas cidades atendeu aos decretos e apelos do poder público, das equipes de saúde, da segurança pública e de suas lideranças comunitárias.

De acordo com o coordenador do relatório, professor Paulo Palhano, o fator principal que propicia o adoecimento pela Covid-19 é a falta de conscientização do isolamento social. Para ele, também agravam a pandemia a dificuldade de higienização da população, dos objetos e a ausência de infraestrutura nas unidades de saúde.

“A ausência de ações educativas pelo poder público, a postura dúbia adotada pelos gestores, a não adoção de ações educativas e preventivas são atitudes que produzem o adoecimento e até grande quantidade de óbitos”, adverte o pesquisador da UFPB.

Conforme o professor da UFPB, a atuação deve ser no sentido de unir forças institucionais e populares e que a sociedade precisa de ações práticas, no intuito de que as vidas possam ser preservadas.

O grupo de especialistas do relatório da UFPB afirmou que é fundamental, para os gestores públicos paraibanos, a adoção de medidas como manutenção das barreiras, higienização dos condutores e passageiros de veículos e a distribuição de máscaras caseiras para a população.

Além disso, os professores também acreditam ser muito importante a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara do Vale de Mamanguape. á Segundo a UFPB, cerca de 22 mil indígenas em 32 aldeias situadas nas cidades de Rio Tinto, Marcação e Baia da Tradição.

“O poder público precisa avaliar suas ações e unir forças para apoiar as iniciativas advindas dos caciques, pajés, educadores sanitários e dos movimentos sociais. É imprescindível a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara”, dizem os pesquisadores.

Apesar da população indígena da região ter atuado em favor do isolamento social com barreiras e evitado a aglomeração em suas aldeias, de acordo coma avaliação do grupo da UFPB, é necessário ampliar os diálogos com as prefeituras e o poder público tem a obrigação de atender às demandas do povo Potiguara das localidades.

Com Jornal da Paraíba


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