Um suspiro, às vezes, pode dizer até mais do que palavras. Foi assim que o presidente do Sport, Milton Bivar, reagiu antes de começar a responder uma pergunta determinante para a temporada de 2020: como tem sido gerir um clube de Série A, com muitas dívidas, no período de pandemia?
Na sala do Conselho Deliberativo do Sport, devidamente paramentado, de máscara, para evitar o contágio pela Covid-19, o mandatário relata a rotina de quem, em um cenário atípico de calamidade pública, precisa fazer malabarismos para administrar as finanças.
“Às vezes, dá até vontade de chorar. De coisas assim que você procura: ‘Poxa, essa semana não teve ninguém que deu um empurrãozinho, ajudou aqui.’ Sabe? Tem dia que é assim, acontece. Mas você acaba se acostumando.”
Milton Bivar assumiu o Sport no ano passado diante de uma crise financeira que se mostrou ainda mais grave do que o imaginado, segundo a própria diretoria. Ali, o Rubro-negro havia sido recém-rebaixado à Série B do Brasileiro em um cenário conturbado, com meses de salários atrasados com elenco e funcionários.
“Eu estou me acostumando a esse dia a dia. Às vezes, ligar e dizer: ‘É do Sport Club do Recife’. E ouvir: ‘Não, não está’. Brincadeira, né?! Mas infelizmente você tem que se acostumar com o dia a dia dessas coisas todas.”
O acesso à Série A de 2020 foi a esperança de alívio nos cofres do Leão, ainda que não o suficiente. Mas com a paralisação, o que era difícil, ficou ainda pior. Pois o Sport perdeu receitas com sócios, patrocinadores e renda das bilheterias no estádio. Atualmente, o clube acumula dívidas na Fifa, na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e na Justiça do Trabalho.
“Hoje o Sport tem um para receber e cinco para pagar. Então, você tem que diminuir essa relação. Próximo ano, temos que ter um para pagar e três para receber, e aí vai melhorando. Porque quando você fica um para um, vou receber R$ 50 milhões, vou pagar R$ 50 milhões. Mas no momento a situação do Sport não é. Cada R$ 1 que o Sport receber, deve R$ 5.”