O Ministério Público da Paraíba (MPPB) obteve nessa quinta-feira (17) o compromisso dos gestores da Secretaria de Saúde da Paraíba de que o Hospital Edson Ramalho não vai sofrer nenhuma interrupção no atendimento aos pacientes. A convocação para a reunião foi feita após o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) comunicar ao MPPB que o hospital restringiria serviços, a partir desta sexta-feira (18), por causa da superlotação.
Também foi diagnosticado problemas na Central de Regulação do Município. Sobre esse ponto, ficou acordado que, na próxima segunda-feira (21), os gestores das secretarias estadual e municipal de Saúde apresentariam as ações que deverão ser tomadas nos próximos dias para resolver o problema.
Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde da Paraíba confirmou que nenhum serviço de urgência vai fechar as portas. Avisou também que a Secretaria já iniciou conversas para realinhamento da rede de urgência e emergência da Região Metropolitana da capital, numa ação que vai envolver também as secretarias municipais de saúde da região. A reportagem também procurou a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, que informou que “segue dialogando com o Hospital Edson Ramalho e com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) sobre o fluxo de atendimentos de pacientes”.
A reunião do MPPB foi convocada pelo coordenador da Câmara de Mediação, o 2º subprocurador-geral de Justiça Álvaro Cristino Pinto Gadelha Campos, e contou com representantes do CRM-PB, da Secretaria de Estado da Saúde, do Conselho Estadual de Saúde e do Hospital Edson Ramalho.
O diretor de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Morais Pessoa, reafirmou no encontro que, durante inspeção na unidade, verificou-se uma “situação de desantendimento, de desespero de médicos”. E citou inclusive um atendimento a paciente com parada cardíaca que foi realizado no chão do hospital, por causa da falta de leitos. O médico disse que a preocupação maior era com os pacientes cardiológicos que precisam receber o atendimento devido nas primeiras horas de chegada ao hospital, sob risco de terem sequelas. Ele também ressaltou que a situação do Edson Ramalho não era isolada, mas reflexo de uma saúde que não estava funcionando bem.
O presidente do Conselho Estadual da Saúde, Eduardo Cunha, disse que a regulação do município é catastrófica. E citou o problema de falta de teto financeiro para que hospitais conveniados atendam a pacientes cardiológicos. O diretor clínico do Edson Ramalho, João Agripino, por sua vez, reconheceu o problema da superlotação da urgência do hospital, mas disse que os ajustes já estavam sendo feitos.
A diretora da maternidade Edson Ramalho, Liane Carvalho, disse que o problema enfrentado pelo hospital era comum a toda unidade porta aberta, que a maternidade também trabalha com superlotação e que é preciso que os leitos clínicos sejam desocupados, com transferência de pacientes, para que os atendimentos de urgência e emergência não sejam feitos em macas ou até no chão.
Retaguarda necessária
O representante da SES, Daniel Beltrammi, disse que tem prestado apoio e ajuda ao hospital, mas que a pandemia tem uma característica de trazer um grau de exaustão ao sistema de saúde. Segundo ele, os ajustes já começaram a ser discutidos.
Sobre o atendimento a cardiopatas, Daniel explicou que o Hospital Metropolitano de Santa Rita estava com o equipamento de hemodinâmica quebrado, mas que já foi providenciado o conserto, e que o Estado estava licitando mais três para reforçar a oferta desse atendimento, inclusive no interior, o que desafogaria o Edson Ramalho.
Ficou definido que o MPPB vai indicar o tempo para readequações e que uma nova vistoria vai acontecer depois disso.
Jornal da Paraíba