A Paraíba tem 210.485 pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população que vive em favelas corresponde a 5,3% do total estadual, sendo o menor percentual entre os estados brasileiros. Divulgado nesta sexta-feira (8), o estudo foi realizado a partir de dados do Censo Demográfico 2022.
Segundo o IBGE, as Favelas e Comunidades Urbanas são territórios populares originados das diversas estratégias utilizadas pela população para atender, geralmente de forma autônoma e coletiva, às suas necessidades de moradia e usos associados (comércio, serviços, lazer, cultura, entre outros), diante da insuficiência e inadequação das políticas públicas e investimentos privados dirigidos à garantia do direito à cidade.
Essas pessoas vivem em 282 territórios considerados favelas na Paraíba. A grande maioria desses territórios estão em comunidades urbanas da região metropolitana da capital, que é composta pelos municípios de João Pessoa (157), Cabedelo (25), Bayeux (23), Santa Rita (11), Conde (7) e Lucena (4). Os demais municípios paraibanos com tais territórios eram: Campina Grande (23), Sousa (10), Cajazeiras (8), Patos (7), Cruz do Espírito Santo (6) e Juripiranga (1).
O percentual da população que mora em favelas na Paraíba é inferior à média nacional (8,1%). Em João Pessoa, o cenário é outro: 168.867 pessoas moram nesses territórios, o que corresponde a 14,4% da população total da região metropolitana da capital.
Na Paraíba, 83,3% das favelas, que correspondem a 235 territórios, tinham menos de 500 domicílios; 11,7% (33) tinham mais de 500 e menos de 1.000 domicílios; enquanto 5,0% (14) tinham 1.000 ou mais domicílios. Em termos de população residente, 57,4% (162 favelas) tinham menos de 500 habitantes; 21,6% (61) tinham mais de 500 e menos de 1.000 moradores; e 20,9% (59) tinham 1.000 ou mais residentes.
As maiores favelas da Paraíba: Vila Teimoso, Pedregal e São José
A Vila Teimoso, considerando também Jardim Coqueiral, Vem-Vem e Beira Molhada, no município de João Pessoa, era a maior favela da Paraíba, em 2022. O território tem uma população de 7.372 pessoas e densidade demográfica de 16.770,3 habitantes por km². Em seus 0,445 km² de área territorial, esse território comportava 3.036 domicílios.
A segunda maior favela era o Pedregal, no município de Campina Grande. Residem no local 6.528 pessoas, concentradas em uma área territorial de 0,311 km², onde estavam distribuídos 2.541 domicílios. Aqui, a densidade demográfica era de 21.020,3 habitantes por km², a mais elevada entre as 20 maiores FCUs do estado.
Na terceira posição está a favela São José, em João Pessoa. São 6.055 habitantes e 2.399 domicílios distribuídos em 0,358 km² de área territorial, essa comunidade apresentava uma densidade demográfica de 16.931,6 habitantes por km².
Quem são as pessoas que vivem nas favelas da Paraíba?
A proporção de pessoas brancas (27,1%) que vivem nesses territórios é menor que a constatada para a população total do estado (35,7%). O inverso ocorre com a quantidade de pessoas pretas e pardas que vivem nessas favelas, que correspondem a proporção de 12,4% e 60,0%, respectivamente, do que no total da população paraibana (8,0% e 55,6%).
A análise demográfica das FCUs da Paraíba em 2022 destaca que o índice de envelhecimento da população nesses territórios foi de 42, sendo 42 idosos (60 anos ou mais) para cada 100 crianças (0 a 14 anos). Isso indica que essa população é mais jovem em comparação à população total do estado, cujo índice de envelhecimento foi 74.
Tendência semelhante é observada no Brasil e no Nordeste, onde os índices de envelhecimento são, respectivamente, 45 (população das FCUs) e 80 (população total). Embora com menor intensidade, também é parecido com o cenário da região Nordeste, que tem índices de 51 e 69, respectivamente.
Outro indicador relevante é a idade mediana, que foi de 29 anos nas FCUs e de 34 anos na população geral da Paraíba, reforçando a diferença etária. No Brasil, a idade mediana é de 30 anos nas FCUs e 35 na população total, enquanto no Nordeste é de 32 e 33 anos, respectivamente.
A razão de sexo favelas paraibanas também revela que, dos 210.485 residentes, 48,4% são homens (101.882 pessoas) e 51,6% são mulheres (108.603 pessoas), resultando em uma razão de sexo de 94, um pouco superior à da população total da Paraíba, que é de 93. Esse indicador confirma a leve predominância feminina no recorte populacional
Maioria vive em casas permanentes e sem esgotamento sanitário
Do total de pessoas residentes nas favelas e comunidades urbanas paraibanas (210.485 pessoas), em 2022, a maioria vive em casas particulares permanentes. Confira:
- 99,5% (209.491 pessoas) moravam em domicílios particulares permanentes
- 0,4% (919 pessoas) residiam em domicílios particulares improvisados
- menos de 0,1% (75 pessoas) eram moradores em domicílios coletivos
O Censo 2022 também constatou que apenas 43,5% dos residentes em Favelas e Comunidades Urbanas da Paraíba moravam em domicílios com esgotamento sanitário do tipo Rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede. Essa proporção era bem inferior às médias brasileira (59,5%) e nordestina (52,1%).
Para os demais moradores, o esgotamento sanitário ocorria por meio de Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede (20,8%); Fossa rudimentar ou buraco (21,3%); Vala (3,6%); Rio, lago, córrego ou mar (9,9%); e outra forma (0,8%). Havia ainda os que não tinham banheiro ou sanitário (0,1%).
Quanto ao abastecimento de água, 95,6% dos residentes nesses territórios moravam em domicílios que possuíam ligação à rede geral e a utilizavam como forma principal de abastecimento. Esse indicador ficou acima das médias nacional (85,6%) e regional (87,2%). Havia ainda 1,1 % dos moradores que utilizava principalmente outra forma de abastecimento, embora tendo ligação à rede geral; enquanto 3,3% não possuíam ligação a essa rede.
Sobre o serviço de coleta de lixo (coletado no domicílio ou através de caçambas) atendia a 94,7% dos moradores em domicílios particulares permanentes desses territórios, proporção inferior tanto à média nacional (96,7%) quanto à regional (95,3%). Já a proporção estadual de moradores das FCUs atendidos por meio de caçambas de serviço de limpeza (6,6%) ficou bem abaixo das médias brasileira (19,8%) e nordestina (19,7%).