Caso Padre Zé: MP denuncia padre Egídio e mais duas pessoas por compra ‘fantasma’ de monitores durante a pandemia

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) apresentou à Justiça mais uma denúncia da Operação Indignus, que apura desvios e fraudes na gestão do Hospital Padre Zé e de outras entidades. Na peça, os promotores relataram uma compra ‘fantasma’ de monitores para a unidade hospitalar durante a pandemia. Apesar dos pagamentos, os equipamentos nunca foram entregues. Essa é a segunda denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do MP sobre as investigações no hospital. No sábado (2), a Justiça havia tirado o sigilo da primeira.

Estão sendo denunciados o padre e ex-diretor da unidade, Egídio de Carvalho Neto, a ex-tesoureira Amanda Duarte e o empresário João Diógenes Holanda. Um outro empresário, Ironaldo Guimarães, também aparece no relato das supostas fraudes, mas não foi denunciado. Ele firmou um “Acordo de Não Persecução Penal” com o Ministério Público e colaborou com as investigações.

Conforme a denúncia, em 2021, o Padre Zé firmou um “Termo de Fomento” com a prefeitura de João Pessoa (PMJP) para compra de medicamentos e a aquisição de 38 monitores multiparamétricos.

“Egídio Neto, juntamente com Amanda Dantas, Diógenes Holanda e Ironaldo Guimarães perpetraram o desvio de recursos públicos destinados à aquisição desses equipamentos, totalizando R$ 363.926,00 (trezentos e sessenta e três mil, novecentos e vinte e seis reais). Para tanto, utilizaram-se de uma nota fiscal ideologicamente falsa, com o objetivo de justificar a transferência do montante a Ironaldo Guimarães, que, de fato, nunca esteve na posse dos equipamentos, tampouco os entregou ao Hospital Padre Zé”, relata a denúncia.

Os investigadores afirmam que padre Egídio recebeu parte dos recursos desviados em sua conta bancária (R$ 13,7 mil) e “ocultou e/ou dissimulou o produto do seu crime”, dando ordens para que Ironaldo Guimarães transferisse R$ 200 mil para uma construtora, como pagamento de uma parcela de um imóvel que ele havia adquirido, e também R$ 53.333 mil para uma outra empresa, como pagamento de móveis de alto luxo. O religioso também autorizou que Diógenes Holanda recebesse R$ 54,5 mil em espécie de Ironaldo Guimarães.

As supostas transações, contudo, teriam sido ‘maquiadas’ com a apresentação de uma nota fiscal falsa para burlar a prestação de contas à prefeitura de João Pessoa.

Na denúncia, Egídio é enquadrado para responder por peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Já Amanda, é denunciada por peculato. No caso de João Diógenes, ele também é denunciado pela prática de peculato.