Há cada dados numéricos de vidas ceifadas pela Covid 19, nos leva a uma profunda reflexão diante de inúmeros fatos que vem ocorrendo em nosso país. Até quando? Quem responde pelas mortes, onde muitas estão acontecendo quando já temos vacinas? Perguntas que não encontram respostas que sejam capazes ainda de trazer acalento.
A cada vida silenciada esperamos consolo, apoio e conforto de pessoas próximas e também de líderes que estejam sensibilizados a nossa condição atual e capazes de ter empatia suficiente para se compadecer e lutar por dias melhores aos seus. Vejo a cada morte, chefes mundiais se posicionando e se compadecendo da dor daqueles que perderam os seus para este vírus. Enquanto isto, o Brasil a cada novo recorde de mortes, tem um líder de executivo nacional que toma qualquer atitude pífia, incapaz de transparecer solidariedade e ações concretas para evitar mais dor e sofrimento ao seu povo.
Perdi meus pais para a Covid 19 em 2020 em um curto período de tempo, e entre outras sensações, me fez despertar para a necessidade ainda maior de algo que parece que tem se tornado cada vez mais ausente em tantos, a humanidade!
Como dói no coração de um filho que perdeu os pais para o vírus, ver o Presidente da República desdenhando do sofrimento e morte imitando a falta de ar que muito sentem e precisam ser intubados posteriormente, assim como minha mãe precisou. Como dói no coração de um filho ver milhões desperdiçados em medicamentos ineficazes que poderiam ser utilizados na compra de vacinas para salvar vidas que se perderam porque não há doses suficientes para todos, enquanto os responsáveis se esquivam de suas responsabilidades. Como dói ver o nome de Deus ser usado para justificar a falta de empatia ao próximo, e que na realidade em nada representa a face de um Deus que é amoroso e misericordioso, e não vingativo e cruel como muitos tentam propagar.
Nossa saúde mental tem sido cruelmente abalada por toda a situação de perdas constantes de números que se transformaram em nomes conhecidos, e não bastasse, por falas e atitudes constantes de um Presidente que parece inerte as súplicas de seu povo que o elegeu na esperança de cuidar dos seus, e que diariamente desdenha do sofrimento alheio. Tem sido abalada por pessoas próximas do nosso convívio e até mesmo familiares que concordam com tais atos desumanos e desdenham da mesma forma. Isso me faz lembrar a fala do Senador Humberto Costa, ao questionar o ex- Ministro da Saúde Pazzuello que alegou atraso na compra das vacinas porque os preços estavam muito altos, onde perguntava: “Quanto vale uma vida ministro?”. Como dói ouvir de pessoas afirmando que não irão tomar a vacina porque não confiam na eficácia da ciência, mas acreditam religiosamente em cada falácia inverídica proferidas pelo Presidente.
Enquanto muitos tentam incansavelmente justificar cada fala e atitude reprovável e vergonhosa de um Presidente, que tão somente ostenta e esbraveja o cargo que ocupa, por meio de dados que não condizem com a realidade ou com infodemias inconclusivas e duvidosas, só as pessoas que viram seus parentes ou amigos serem sepultados em um saco plástico com um caixão vedado é que sabem realmente descrever com precisão o sentimento e necessidade que se tem.
Quando começamos a perder a humanidade? A perder a empatia? A perder a sensibilidade humana de se solidarizar? Lutamos diariamente não apenas pela defesa de nossas vidas, mas temos que lutar também por uma humanidade que nos devia ser comum a nossa condição humana. Nosso cansaço ultimamente tem sido muito mais na procura por pessoas que estejam conosco em um único lado disponível nessa história, o lado da humanidade! E ainda bem que elas existem, apesar dos negacionistas, sim, elas existem. Eu encontrei você encontrou, e vamos continuar buscando e encontrando mais pessoas assim para provar que existe sim empatia, humanidade. E que há sim também um Deus que é amor, misericordioso e justo! E não o “deus” que tantos propagam vingativo e cheio de ódio.
Em meio ao caos, seja a voz que acalma, o ouvido que escuta o desabafo, o ombro que acolhe, a mão que acalenta, a vida que inspira e traz a esperança de dias melhores.