Cotidianamente ouvimos muitas palavras e frases clichês – que pode ser interpretado como banalidade, ou algum bordão – e que damos pouca ou nenhuma importância porque o próprio sentido da palavra já indica na nossa concepção. Mas talvez algo que não tenhamos nos dado conta que é justamente o falar e praticar esses clichês é o que de fato dão sentido à vida.
Um rolê entre amigos, aquele café no fim da tarde entre pessoas que gostamos para falar sobre qualquer assunto, aquele fim de semana na praia longe de tudo para relaxar, a disposição para aproveitar cada minuto ao lado de quem amamos e nos faz bem, viver os mínimos detalhes de vida que fazem toda a diferença. Sim, isto é o chamado clichê que tantos tem ignorado e talvez seja um dos grandes motivos do aumento de casos de depressão e suicídio no mundo (segundo dados da OMS a taxa de suicídios no Brasil aumentou 7% a cada 100 mil habitantes no ano de 2019).
Sempre ouvi de várias pessoas que, quando perdemos nossos pais a vida perde o sentido, e isso me despertava um medo absurdo.
Quando perdi meus pais no ano de 2020, vítimas da Covid-19, entendi que a dor da perda de pai e mãe é eterna (na realidade de todas as pessoas que amamos), a lembrança deles está eternizada e ausência física será sempre sentida. Entendi que de fato a vida passa rápido demais e é preciso aproveitá-la intensamente sem reservas. Mas a vida precisa seguir seu rumo. Ciclos se fecham, outros se abrem, e assim vamos vivendo sem perder jamais a alegria e gratidão por poder respirar a cada dia e estar pronto para viver tudo o que for possível.
Foi também com a perda deles que entendi de vez que são estes clichês que dão o real sentido à vida, e é o legado que de fato você vai deixar para este mundo. Não se lamente por quem você perdeu, agradeça por ter partilhado momentos com eles em vida. Não se lamente pelo emprego perdido, pense na possibilidade que se abriu para lutar por um outro. Não se lamente pela vida que passa rápido demais, viva intensamente e descubra que há grandes ensinamentos em cada uma destas etapas. Não se lamente pelo “caminho da felicidade” que nunca chega, perceba que está felicidade se encontra em cada passo dado (por vezes nos mais inesperados), e não há um final traçado a se chegar até ela. VIVA A VIDA